sábado, 19 de dezembro de 2009
Voltei mas não sei até quando
Sem esnobismos, acho que posso afirmar que depois de ter 2 passaportes e de ter morado 15 anos fora do Brasil (sempre voltando aqui) tanto faz estar no Brasil ou no exterior, o importante é estar no mundo e até fora dele. Desde que saí do Brasil pela primeira vez em 1989, o mundo tornou-se muito pequeno (a Internet e os preços mais baixos dos vôos internacionais que o digam).
Hoje em dia falo com o meu companheiro na Holanda todos os dias pelo Skype com custo zero por segundo. Leio as notícias da Holanda e da Espanha, vejo a televisão desses países, converso com amigos de lá e de cá pelo chat, tanto faz estar na Europa ou no Brasil.
Sei que estou no Brasil por causa do quase verão muito chuvoso, das notícias de corrupção (a única diferença agora é que usam mais vídeos para denunciar, entramos na era Big Brother de vez), da TV Globo e suas novelas e séries totalmente sem graça (mesmo assim todo mundo assiste!), da obsessão pela boa forma dos brasileiros (Na Europa raramente se comenta sobre o corpo dos outros), e um longo etc.
Uma das coisas mais interessantes que me aconteceu desde que voltei pra cá em setembro desse ano é que conheci pessoalmente em Brasília, onde moro, o Fernando e o Laci. Eles são o primeiro casal gay assumido do exército brasileiro e comeram o pão que o diabo amassou por isso. Segundo eles próprios me contaram, tudo começou quando um deles denunciou alguns superiores fardados por corrupção no hospital militar onde trabalhavam. Os poderosos chefões usaram o fato de que eles eram gays para desacreditá-los e ridicularizá-los. Mas o feitiço acabou virando contra os feiticeiros. Fernando e Laci receberam muito apoio de organizações de direitos humanos, de alguns parlamentares, da mídia e conseguiram sobreviver aos ataques, torturas e difamações de que foram alvo algumas delas apoiadas por uma jornalista vagabunda chamada Luciana Gimenez em seu programa na Rede TV (uma emissora de Terror!). Fernando acabou desertando do exército e Laci também foi preso por deserção (quando na realidade não podia trabalhar por motivo de doença) e o caso dele está atualmente na Comissão Inter-Americana de Justiça em Washington para julgamento. O Estado brasileiro pode ser condenado por tê-lo acusado injustamente de deserção. Tomara que assim seja!
Mas eu queria falar também de alguma coisa boa que observo no Brasil. Acho que as pessoas ainda têm tempo para as outras, a comida é maravilhosa (ainda que nem sempre saudável) e a sexualidade ainda parece fluir mais livremente (para algumas pessoas, claro), acredito que melhor do que em outros países.
Estranhamente não tenho tido muita vontade de viajar. Queria reafirmar também que acho Brasília a melhor cidade para se viver no Brasil e por isso voltei para cá (e o meu companheiro está chegando). A capital brasileira não tem bairrismos, ainda tem um ritmo muito tranquilo e quase provinciano de vida sem deixar de ser cosmopolita (a oferta cultural e gastronômica é bastante farta). Mas para mim o mais importante é a aura mística da cidade que permanece intacta com suas áreas verdes, seu céu exuberante, seus monumentos-símbolo e sua gente variada. Gosto muito daqui!
Feliz Natal e Próspero Ano Novo para todos,
Francisco Tomé.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Entrevista sobre um ano do blog!
*Como é que surgiu a ideia de fazer esse blog?
Esse blog surgiu de uma coleção de artigos produzidos muito espontaneamente à raiz de notícias lidas sobre o Brasil. Quando a gente mora no exterior talvez sinta uma maior necessidade de acompanhar e entender o que acontece em nosso próprio país. Por outro lado, a distância permite um olhar mais objetivo e até mais crítico. Sem contar que às vezes dá muita raiva mesmo de tanta loucura que acontece no Brasil. E o blog acaba sendo uma forma de canalizar tudo isso.
* Dá pra explicar melhor a questão da crítica e da raiva?
Tentamos fazer crítica construtiva, aquela que leve a pensar que as coisas poderiam ser melhores, combatend0-se portanto a letargia e certo oba-oba característico da nossa cultura. Observa-se que nos países ditos mais desenvolvidos a autocritica funciona como motor de mudanças e avanços. No Brasil parece que há sempre um excesso de otimismo e conformismo. A ideia do blog é dar uma chacoalhada, como se a gente pudesse se ver no espelho de outra forma, mais crítica. Já a raiva vem basicamente de um sentimento que muitos brasileiros possuem e nem sempre expressam: o nosso país tem um grande potencial e poderia ser muito melhor do que é. Somos um povo criativo, pacífico, multicultural. As riquezas naturais são incontáveis. O clima é fantástico. Somos um dos maiores paises do mundo. Mas somos desleixados, desorganizados, egoístas, provincianos, repetitivos, medrosos até. Passam os anos e nada parece mudar de fato para melhor. Isso dá muita raiva!
* Mas as pessoas fora do Brasil amam o país, acham o povo caloroso, curtem a música e o futebol do Brasil, existe sempre um carinho...
Sim, sim. Isso é fato. Ainda bem (risos). É esse charme do brasileiro que engole todo mundo, até nós mesmos. Mas a gente bem sabe que o país tem problemas graves e desafios muito importantes no momento. Eu citaria a violência e a desigualdade social ainda como uma grande pedra no sapato. Sem falar na educação, na saúde, no meio ambiente, na Amazônia. Tudo está relacionado.
* Melhorou alguma coisa com o governo do Lula?
Sinceramente, acho que não. E não quero ser pessimista! Sempre votei em Lula e tinha grande esperança no governo dele. Em 2003 quando ele assumiu eu até voltei a morar no Brasil em parte porque achava que o país ia mudar. Sei também que não é um presidente da república que vai revolucionar o país. Mas o governo Lula me decepcionou. A ideologia escapuliu rapidamente pelo primeiro ralo do chão. Ele não moralizou o Estado, não moralizou a política, não moralizou as práticas partidárias, não moralizou o governo, fez obra social populista, até o Fome Zero foi uma grande balela. O milagre econômico brasileiro não se reflete num milagre da cidadania, da democracia, dos direitos humanos, da vanguarda cultural, científica e muito menos social. O governo Lula foi muito infeliz. Não vai passar para a história como um divisor de águas como deveria. Uma grande pena.
* Em quem você votaria para presidente em 2010?
Na Dilma não, nem que a vaca tussa! No Serra não porque não quero mais presidente paulista, como já falei no blog tantos anos de café preto não é bom num país continental como o nosso. Precisamos diversificar os estados de origem dos nossos presidentes. Não gosto do fato da Marina Silva ser evangélica e não votaria nela só por isso, admito que sou preconceituoso com relação a essa religião. No momento, estou ainda sem candidato(a).
* Qual é o seu problema com a igreja evangélica?
Acho que é um sinal de atraso no país. Não gosto da mentalidade gananciosa, do falso moralismo, da tradição e dos costumes cegos. Detesto a falta de respeito com relação aos homossexuais, por exemplo. Odeio essa associação de fé com dinheiro, fanatismo, desrespeito. Trata-se para mim de uma praga social.
* Mas o Brasil é um país muito religioso, não?
Sim, tem católicos, evangélicos, espíritas de diversas vertentes, santo daime e uma infinidade de seitas mais. Tenho aprendido que a religião é mesmo o ópio do povo como dizia Karl Marx. Ela engessa e limita as pessoas. Muitos dizem se salvar através da religião. Prefiro acreditar que a verdadeira salvação é a consciência livre, o pensamento crítico, a espiritualidade sem religião pelo meio, a educação, a cultura, o livre arbítrio.
* Em alguns dos textos do blog você se revela um pouco esotérico e também indigenista. Certo ou errado?
Certo. Sou esotérico na medida em que tento exercer a minha espiritualidade por conta própria e de forma muito eclética, sem vínculo com nenhuma religião. Para isso funcionam muito a intuição, os sentimentos, leituras, estudos, sinais. É só ficar antenado. Além disso, não acredito numa espiritualidade separada do cotidiano, da vida real. Então tudo acaba se misturando. Quanto ao aspecto indigenista, trata-se apenas de tributo muito modesto aos nossos ancestrais indígenas, subestimados e desconhecidos em essência pela maioria dos brasileiros. Preferimos os estereótipos, as caricaturas dos índios, outra das grandes tragédias nacionais a meu ver.
* Tragédia por quê?
Porque no Brasil ninguém quer ser índio, nem africano, nem português. Então vamos ser o quê? Qual é a nossa origem? Nova Iorque? Para muitos brasileiros, sim, Nova Iorque, acredite se quiser.
* Você está falando da elite brasileira, né?
Sim, claro, da elite cuja meca é Nova Iorque. São Paulo, por exemplo, é a nossa Nova Iorque. Sinceramente, acho isso decadente.
* O que que você gosta no Brasil? Tem alguma coisa boa ainda lá?
Tem sim, família, amigos, lugares, memórias, comidas... hum! Falando no contexto do blog, o Brasil tem ótimos cientistas, intelectuais, humoristas, artistas em várias áreas. O Brasil conseguiu incrivelmente ser um celeiro de mestiçagem entre todas as raças que nada deve aos Estados Unidos ou outras nações de imigrantes do mundo nas Américas ou na Oceania. Isso é um grande capital. O país tem uma história trágica mas cheia de garra. A posição do país no cenário internacional é boa e promissora. Falta fazer o dever de casa e é nessa tecla que eu bato no blog.
* Obrigado, Francisco e Boa Sorte!
Obrigado você!
domingo, 26 de julho de 2009
A ascensão social do Thanatos brasileiro
O Eros social brasileiro, alegre, tropical, colorido, festivo, generoso, bem-humorado, criativo, malandro, e obviamente sexual tem cedido cada vez mais espaço para Thanatos. É inevitável começar evidenciando isso pelo terror instalado em instituições demagógicas como o Senado da República (atolado até os dentes pelo fisiologismo e pela corrupção), pela geléia geral promovida pelo presidente Lula (aliado de Sarney, Fernando Collor, Renan Calheiros e quem mais couber em seu balaio de gatunos) e pela apatia da sociedade brasileira, incapaz de reagir à altura a tanta desordem e atraso. Até mesmo o sangue jovem da UNE parece ter sido intoxicado pelo elixir do "me engana que eu gosto". Em congresso nacional da UNE realizado recentemente em Brasília, os estudantes desfilaram em protesto contra a instalação da CPI da Petrobrás. Desde que sou gente nunca vi tanta cegueira e conformismo.
Mas, infelizmente, Thanatos não cresce só no espectro político, isso é só a ponta do iceberg. Mais embaixo do iceberg, um júri popular de Brasília absolveu um homem acusado, com todas as provas, de ter matado a sua mulher. Segundo comentário e boa sacação de um leitor do site do Correio Braziliense, do dia 24 de julho, sobre essa notícia: Os membros do júri absolveram o assassino movidos pelo fato inconsciente de que um dia poderiam estar no banco dos réus e no fundo desejariam também a impunidade. Muita loucura, não? Não, em 2005 a sociedade brasileira decidiu em plebiscito permitir que Deus e o mundo possam continuar comprando e usando armas o que tornaria o país logo depois um dos países mais violentos do mundo, com número recorde de homicídios. Obra-prima de Thanatos.
Outro crime nacional é de natureza ambiental. Em reportagem da revista Veja dessa semana denuncia-se em detalhe o estado de calamidade sanitária das praias urbanas da cidade do Rio de Janeiro infestadas por todo tipo de resíduos nocivos à saúde gerando coliformes fecais e etc., resultado da falta de esgoto e planejamento urbano. Se fosse só no Rio ainda se poderia dar um jeito, mas o problema atinge TODAS as praias urbanas brasileiras já que nenhuma delas é considerada limpa pela ONG Bandeira Azul que monitora o estado de limpeza das praias em todo o mundo. Eu já decidi que não me banho em nenhuma praia de capital, vou pro interior. Imaginemos o prejuízo que isso vai trazer para o turismo no litoral brasileiro.
Mas, Caminho das Índias e A fazenda continuam com ótima audiência e a popularidade do presidente Lula também vai muito bem, obrigado/a. Deus é brasileiro! Será?
Francisco Tomé de Castro.
domingo, 21 de junho de 2009
Do entorno de Brasília ao Brasil "emergente"
Neste sentido, a criação da Câmara Distrital foram muitos passos atrás já que a herança do modo de fazer política local no país trouxe para o DF todo o charlatanismo e provincianismo dos demais municípios dos estados brasileiros, sendo que o DF nem estado é. E não deve ser. Há portanto uma enorme confusão de papel sobre a qual não ouço ninguém falar. Não seria o Roriz, goiano, o culpado de que Goiás agora tenha duas capitais? Certamente. Mas trata-se de confusão grave e prejudicial, que deveria ser corrigida a tempo.
Um país emergente como o Brasil (ainda que para mim grande parte da nação ainda continua profundamente submersa) não pode se dar ao luxo de tantas disparidades regionais, de ter uma capital nacional que se confunde com outra, estadual, de continuar tão obcecado pelo litoral e portanto pela colonização... Se o Brasil fosse emergente de verdade, talvez estivesse agora ocupado em construir cinco novas capitas de estado no interior do país, uma em cada região, gerando empregos, descentralizando o desenvolvimento e oferecendo ao mundo uma nova face. As cinco novas capitais poderiam ser as únicas cidades sede da copa de 2014, por exemplo. Com novíssima infra-estrutura, sustentáveis ambientalmente, ótimos hospitais e universidades, aeroportos novos, mostrando a cara de um novo Brasil. Mas esse Brasil novo não existe e JK deve tremer no mausoléu do seu museu quando percebe o que estão fazendo com o DF e com o Brasil.
Outro problema sério que vejo é o estado de origem dos presidentes da República coincidindo com o Senador Cristóvam Buarque que falou sobre esse problema. Na antiga sexta-série do primeiro grau, a gente aprendia nas aulas de história do Brasil sobre a política do café com leite, ou seja, a alternância de um presidente paulista e outro mineiro que dominou o período da República Velha por bastante tempo. Os dois mandatos de FHC e Lula representam atualmente 15 anos de café preto no país, ou seja, de presidentes com base política paulista que tende a concentrar nesse estado megalomaníaco todo o foco e atenção do governo federal prejudicando, uma vez mais, a visão ampla e a equidade de uma nação continental como a nossa! Quer dizer, mais provincianismo!
Com um DF desfocado, SP 15 anos sob a luz forte e incandescente do holofote e o Rio na sombra e na lembrança de quando foi cidade maravilhosa (segundo artigo que li na imprensa holandesa a cidade deveria perder esse título tal o grau de desilusão dos turistas que a visitam atualmente e a comparam com o que foi no passado) temos uma das faces desiguais do Brasil do BRIC. O problema é que existem muitas outras faces desiguais, o BRIC quase se torna BRINC, não de brinco, mas de brincadeira mesmo.
Francisco Tomé de Castro.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
A Etiqueta Gay Preconceituosa de Glorinha Kalil
Em primeiro lugar, essa história de etiqueta em geral, pertence a um mundinho muito limitadinho de pessoas que acreditam em certas normas que as tornam superiores às demais, ignorando diferenças culturais, sociais, comportamentais e até pessoais mesmo. Trata-se de atentado ridículo à naturalidade e espontaneidade das pessoas. É uma espécie de arregimentação supostamente chique mas na realidade decadente especialmente em países com tanta disparidade social como o nosso. Aliás, a etiquetada burguesia brasileira deve ser a mais decadente do mundo, dá muita pena realmente!
A reportagem começa bem, reconhecendo o fato de que os gays por todo o mundo têm conquistado muitos direitos de cidadania e afirmação mas descamba terrivel e inacreditavelmente pro lado da etiqueta que as pessoas não gays devem ter com relação a este "emancipado" coletivo. Glorinha começa dizendo que um convite formal, ou seja, escrito, a um casal gay jamais pode ser enviado em nome dos dois ou das duas mesmo em caso de que morem na mesma casa e não explica o porquê dessa lógica tão absurda. Afirma que devem ser mandados 2 convites, separados, pro mesmo endereço. Em cadeia nacional, Glorinha, com um sorriso e uma simpatia pra lá de cínica, é preconceituosa pois não acredito que tenha sido paga pelos Correios pra promover tal estupidez. Depois continua na mesma linha de fazer rir ou chorar, dependendo do ângulo em que se queira ver a reportagem, e no final triunfal aconselha a não avisar uma pessoa heterossexual de que o seu parceiro tem tendências homossexuais (caso alguém desconfie ou tenha certeza deste tipo de situação entre um casal amigo, por exemplo) pois a própria "vítima" deverá descobrir isso ou, como diz ela outra vez entre uma risada cínica, talvez até a relação "funcione" mesmo assim, nunca se sabe... sugere ela. É o cúmulo da deseducação e da promoção da desonestidade em cadeia nacional! A horrosa mensagem subliminar do último conselho dado por Glorinha como fechamento da reportagem é o de que permanecer dentro do armário, ou seja, não se assumir sexualmente pode dar certo e pode ser até melhor do que o contrário! Tudo isso faz parte de sua etiqueta monstruosa!
Em tempo, quero comentar outro caso que me assombrou veiculado em toda a imprensa de fofocas. O romance de Reynaldo Gianechini (que é homossexual) e a mãe do seu namorado, o filho de Marília Gabriela. A famosa entrevistadora resolveu ser a namorada oficial do galã para preservar a imagem deste e proteger o caso do seu filhinho numa das farsas mais ridículas e bregas do cenário das celebridades de meia tigela do Brasil. O longo namoro entre Reynaldo e o filho de Gaby acabou, a relação doentia entre genro e sogra se rompeu e toda a mídia veiculou a farsa em tom de fofoca. Reynaldo desde então tem sido visto livre, leve e solto na noite gay paulistana e até posou vestido para uma revista gay mês passado. Enfim, está saindo do armário devagarinho, mas isso não interessa à grande imprensa. Preferem a etiqueta de Glorinha Kalil.
Todos os gays do mundo respondem: Obrigado imprensa e famosos do Brasil pelo apoio e honestidade quanto à causa gay!
Para quem quiser ver a "gloriosa" reportagem de Glorinha, o link está aqui embaixo:
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1058639-7823-A+ETIQUETA+GAY+COM+GLORINHA+KALIL,00.html
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Constelação familiar do Brasil
Ontem recebi o convite abaixo:
Amig@s,
Ana trabalha com técnicas xamanicas há vários anos no Brasil, Itália, Alemanha, França e participou de várias iniciações com índios brasileiros e americanos, além de uma peregrinação pela Índia e Tibet. Também participou de várias constelações familiares e me convidou, para junto com ela, desenvolvermos este encontro onde eu como terapeuta sistêmico de família.
Junto com as práticas xamanicas ancestrais indígenas, atuaremos num sentido de melhor ordenar os sistemas e desativar os padrões de emaranhamentos que trazemos de varias gerações.
Logicamente será uma bela experiência lembrando que Bert Hellinger, o criador do método das constelações, se inspirou nas praticas ritualistas dos Zulus na África que faziam uma perfeita homeostase entre as gerações e a honra dos ancestrais.
Saudações
Reginaldo Teixeira Coelho ( Regis)
Vejo este encontro na Bahia, lugar onde foi fundado o Brasil, como uma grande oportunidade para celebrar uma constelação familiar do país, pois há somente 8 ou 9 gerações, todos os brasileiros eram portugueses nativos, africanos nativos e índios, muitos, que constituíam a maioria das famílias que habitavam a maior nação sul-americana. Portugal existe até hoje, a África também, já os índios... foram dizimados em sua própria terra.
Um dos aspectos mais interessantes dos índios ancestrais do Brasil é que eles não deixaram nenhum grande rastro material (como cidades ou templos, diferentemente dos astecas, maias ou incas). Para os nossos índios, a natureza tropical exuberante e muito farta era em si o imenso templo ideal para se viver, a grande cidade indígena sem fim, e mais: eles eram os seus guardiães.
Outro aspecto interessante da nossa ancestralidade indígena é que a pouca necessidade de trabalho material permitiu a eles ter tempo para uma intensa atividade contemplativa e espiritual. Isso fez com que depois da invasão e ocupação portuguesa, muitos dos índios, completamente anarquistas e livres, fossem naturalmente incapazes de tornar-se escravos, facilitando ainda que eles partissem, muitas vezes em rituais de suicídio coletivo, para a dimensão espiritual, com a qual estavam tão familiarizados e à qual, muito importante, não temiam.
A fracassada catequização dos índios, que de nada serviu para mantê-los vivos, é mais uma prova da alta espiritualidade destes, francamente muito superior à dos seus catequizadores europeus, que diziam "que os índios não tinham alma"...
Tudo isso para afirmar que a riqueza espiritual dos índios perdeu quase toda a conexão com a realidade material do Brasil desde então. A ancestralidade indígena brasileira é totalmente distorcida historicamente e na atualidade. O que aprendemos no colégio sobre a nossa cultura indígena é absurdamente equivocado porque é reducionista e míope. Precisamos conhecer a fundo a pré-história brasileira. E isso quer dizer conhecer também a história de Portugal e a história da África.
Intuo que deva surgir alguma luz sobre tudo isso na constelação familiar xamânica que vai acontecer na Bahia. Precisamos dessa cura e dessa reconexão geracional. Não esqueçamos de que estamos no século XXI, quase na era de Aquário, e que novas disciplinas como a exopolítica sinalizam que novos paradigmas estão chegando. A exopolítica preocupa-se com a confirmação científica de vida extra-terrestre (incluindo seres espirituais, amplamente reconhecidos pelo espiritismo de Kardec ou pela umbanda, por exemplo) e a implicação disso na política, na economia e nas relações internacionais ou mesmo interplanetárias. Caminhamos em direção à consciência galática. Os índios americanos, do Alasca à Terra do Fogo, ainda que totalmente imaterializados, têm muito o que contribuir. Nós, encarnados e americanos, precisamos fazer a ponte e dar o nosso recado para o mundo. Mas antes é preciso curar a relação com a ancestralidade, ajustar o foco, e isso a meu ver é parte do que comandarão o Régis e a Ana Xara, da Bahia. Linda missão!
Abstenho-me de comentar as enchentes no Brasil (e a parca reação à altura do governo e demais agentes sociais, o que obviamente é um absurdo total, incluindo a viagem do Lula pra China num momento em que milhares de pessoas perderam suas casas pelas águas) assim como a "peruquinha básica" que a Dilma está usando depois que fez quimioterapia e perdeu os cabelos, como noticiou ontem a Folha de São Paulo. Sem comentários.
Francisco Tomé de Castro.
terça-feira, 21 de abril de 2009
Democracia bananeira
Sarney promoveu e continua promovendo o maior saque a que um estado brasileiro foi e continua sendo submetido ao longo da história deste azarado país. E o pior é que o faz legalmente! Seja como governador, presidente da república, presidente do senado, escritor e por aí vai. É um super homem aranha que tece a sua teia de influência onde bem quer. A pior falcatrua de todas é a que tem essa aura de prestígio, de legitimidade, de estar acima do bem e do mal. É um modelo de família patriarcal bem sucedida trágico que ainda sobrevive no estado com um dos piores índices de desenvolvimento humano do Brasil e que não tem como ser de outro jeito. É o nordeste colonial, atrasado, desumano, cruel.
É hora de que a "justiça" eleitoral mude e deixe de punir o suposto ladrão para deixar o seu lugar para a filha do chefe da quadrilha da gangue rival. Que democracia é essa? Que lei eleitoral é essa? Onde estamos e para onde vamos com essas leis? Todos os governos brasileiros, dado o alto grau de corrupção em todos os níveis, deveriam passar por uma avaliação passados os dois primeiros anos do mandato que poderiam até incluir um novo referendo sobre a continuidade ou não de prefeitos, governadores e presidente da república. Nesse caso específico do Maranhão, como a segunda colocada, Roseana Sarney, é conhecida nacional e internacionalmente como uma das políticas mais picaretas do Brasil, sem contar o fantasma da influência do coronel culto, seu pai, aí mesmo é que uma nova consulta popular deveria ser obrigatória. Mas não, preferimos competir com a literatura do absurdo com nossas crônicas sobre essa terrorosa cassação e tudo o que ela representa.
Outra coisa que me incomoda é a hipocrisia da grande imprensa nacional. Folha de São Paulo, onde o coronel Sarney escreve uma vez por semana, não menciona nem um a contra tal figura nefasta. Veja publicou um artigo do Roberto Pompeu muito bem escrito e até crítico na edição de 8 de abril mas fica por aí... Falta uma reação contundente, tão ousada quanto a da máfia Sarney na sua tentativa bem sucedida de retornar à liderança de um estado cuja população pobre já não tem mais como ser explorada, humilhada, deserdada.
Parte da ignorante opinião pública maranhense acredita que a volta de Roseana significa a volta do progresso desenvolvimentista no estado através de investimentos do governo federal (não esqueçamos de que o presidente Lula é aliado dos Sarney e nunca botou o pé na capital, São Luís, enquanto governou o opositor Lago). A volta do patriarca encarnado em sua filha significaria ventos de bonança que na verdade só beneficiam e muitas vezes de forma grosseiramente corrupta os próprios membros da máfia Sarney. Pobre Maranhão. Mas dizem que cada povo tem o governo que merece e o carma dos maranhenses acaba de recobrar fôlego contradizendo milagrosamente até mesmo as urnas eleitorais do segundo turno em 2006 que disseram NÃO a Roseana Sarney. Agora, ao vencedor as bananas! Meus pêsames Maranhão, meus pêsames Brasil!
domingo, 29 de março de 2009
Muralha do Rio
Outro grande disparate, altamente simbólico também, é que tais muros sejam erguidos durante o governo Lula, o governo da partidarização do Estado, do populismo, do oportunismo e do provincianismo (não agüento os comentários de Lula sobre macheza como forma de combate à crise financeira internacional). Vergonha mundial!!!
Em São Paulo a moda agora são condomínios de luxo onde pode-se trabalhar, morar e se divertir sem ter que se misturar com ou passar pelas regiões mais pobres e problemáticas da caótica megalópole. Uma espécie de muro também mas que não protege ninguém de personagens como a dona da Daslu, agora na cadeia e simbólo terceiro mundista da decadência da burguesia paulistana... Outro dos feudos amuralhados da capital paulista chama-se Alphaville, um lugar de tremendo mau gosto com casas breguíssimas (de tão luxuosas, o luxo consegue virar lixo!), algumas com até 20 empregados (coisa inimaginável em qualquer país com um salário mínimo decente e maior igualdade de renda).
Os exemplos podem continuar em Brasília (e suas grades nas casas das quadras habitacionais), Salvador, Recife, Curitiba ou Belo Horizonte. O país inteiro é uma colcha de retalhos cheio de muros invisíveis onde abundam a hipocrisia, os discursos vazios, a omissão do poder público, a corrupção descarada e institucionalizada, os falsos argumentos, a ausência de idéias, o descompasso esquizofrênico entre teoria e prática.
Esses dias estive pensando: Por que não construir novos polos de desenvolvimento entre grandes cidades como Rio e São Paulo, Brasília e Goiânia, Recife e Salvador que gerem emprego e permitam às pessoas se deslocarem para esses pontos equidistantes entre grandes cidades ligados por linha de trem de alta velocidade onde poderia haver novos aeroportos, por exemplo, ou distritos industriais, portuários (porto seco no Centro-Oeste), permitindo desafogar um pouco as grandes cidades? É só uma idéia, mas melhor do que construir muros.
Minha sensação é a de que no Brasil faltam idéias boas, atitude empreendedora, criatividade construtiva. Essa é a pior crise de todas e ninguém fala dela. Lamentável!
sexta-feira, 20 de março de 2009
Justiça seja feita!

quarta-feira, 11 de março de 2009
Quando a Igreja Católica é sinônimo de atraso, subdesenvolvimento e desumanidade
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Ser homossexual na Holanda, no Brasil, na Espanha e alhures
Uma pesquisa sobre sexualidade e homofobia --aversão a homossexuais-- mostrou que 58% dos brasileiros consideram a homossexualidade um pecado contra as leis de Deus, conforme mostra reportagem de Márcio Pinho, da Folha de São Paulo online de 8 de fevereiro.
Já o relatório sobre tendências sexuais na Holanda de 2008 informa que 54% dos holandeses aprovam a adoção de crianças por casais gays (possibilidade totalmente banida pela lei brasileira segundo votação da câmara dos deputados ano passado sobre a qual escrevi aqui, no meu primeiro artigo neste blog).
A Espanha, por exemplo, legalizou as uniões entre homossexuais e o direito deles adotarem crianças num ato de grandeza histórica que de acordo com as palavras da vice-presidente Maria Teresa Fernández de la Vega, de quem apertei a mão no Senado brasileiro: "Tratou-se de igualdade e ampliação de direitos humanos e de uma promessa de campanha aos homossexuais". No entanto, a rainha da Espanha, os arcebispos, juízes e parte da mídia conservadora espanhola incluindo a horrorosa cadena COPE não perdem uma oportunidade para atacar a medida e muitos sonham com a anulação desses direitos.
A Itália de Silvio Berlusconi e o Vaticano de Ratzinger representam atualmente o que há de mais retrógrado em termos de direitos humanos no mundo. Evidentemente todos os homossexuais deveriam ir para a fogueira para ambos líderes (sendo que eu me pergunto o que seria do Vaticano sem a maioria de seus membros gays reprimidos). No mais, dedicam-se a perseguir imigrantes ou à conivência com bárbaros que negam o holocausto dos judeus. É a cúpula religiosa que rege parte dos 58% dos brasileiros que considera a homossexualidade um pecado. Que desgraça!
A Holanda tem fama de tolerância, mas vivendo aqui percebo que dependendo da região do país há também mais preconceito contra homossexuais. Por exemplo, os habitantes da área conhecida como Bijbel Belt (cinturão da bíblia) são mais preconceituosos. Como em todo lugar, onde há mais religiosidade há mais preconceito. Amsterdã fica fora do cinturão da bíblia, obviamente. Aqui muitas pessoas já não vão às igrejas há muito tempo e por isso mesmo igrejas vazias tornaram-se edifícios de escritórios, museus e até discoteca!
Li pela Internet que dia 14 de fevereiro começa a Era de Aquário. Oxalá seja a era dos direitos humanos e do respeito humano! Todas as grandes religiões devem cair pois já fizeram mal suficiente para a humanidade desunida e o planeta em pandarecos. Outro desejo: Um Obama só não faz verão, que venham muitos mais!
Em tempo, não percam o filme "Milk" no qual Sean Penn em brilhante atuação (fiquemos de olho no Oscar) encarna Harvey Milk, ativista homossexual nos Estados Unidos dos anos 70. Fantástico. Até a próxima!!
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
URGENTE: Para bispos, mulheres são culpadas por abusos sexuais
CIDADE DO MÉXICO - Bispos latino-americanos que participam do 6º Encontro Mundial das Famílias, realizado na Cidade do México, disseram nesta sexta-feira, 16, que as mulheres são culpadas pelos abusos sexuais que sofrem, pois "provocam os homens" com sua forma de vestir.
O arcebispo de Santo Domingo, capital da República Dominicana, Nicolás de Jesús López, afirmou que roupas decotadas e mini-saias, por exemplo, provocam os homens, e por isso acusou as mulheres de serem culpadas pelos abusos de que são alvo.
Já o bispo de Ciudad Juárez, cidade do norte do México, Renato Ascencio, considerou que a mulher "não deve apenas mudar sua forma de vestir, mas também suas atitudes".
Para o bispo auxiliar de Tegucigalpa, em Honduras, Darwin Rudy Andino, ao se "desvalorizarem", as mulheres permitem que os homens as usem, as tratem "como uma roupa velha".
Iniciado na última quarta-feira, o Encontro das Famílias reúne milhares de religiosos e cidadãos laicos na Cidade do México.
Até o próximo domingo, o evento discutirá, sob o tema "A família formadora dos valores humanos e cristãos", assuntos como o matrimônio entre homossexuais, a eutanásia e a educação laica.
Cada qual que tire a sua conclusão! A minha é: apago a luz!
Francisco de Castro, do país menos religioso e dos mais avançados socialmente do mundo.