Luz para Brasília e para o Mundo

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Um brasileiro plantando luzes no gramado do Congresso Nacional

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domingo, 29 de março de 2009

Muralha do Rio

Leio na imprensa espanhola (El País on-line de 29 de março de 2009) sobre a construção de 11 quilômetros de muros de concreto armado de 3 metros de altura ao redor das favelas do Rio para "conter a expansão das favelas e proteger a natureza" segundo explicação absolutamente cínica de Tânia Lazzoli, porta-voz da Secretaria de Obras Públicas do Estado do Rio. Digo cínica porque sabe-se muito bem que esses muros não deterão a especulação imobiliária na cidade e muito menos protegerão a natureza, se assim fosse deveriam amuralhar toda a cidade, começando pela Barra da Tijuca! O que esses muros materializam, muito simbolicamente, é a exclusão e o isolamento físico de grande parte da população pobre carioca. O mesmo que Israel fez com a Palestina! ou que as prisões de alta segurança têm ao seu redor.

Outro grande disparate, altamente simbólico também, é que tais muros sejam erguidos durante o governo Lula, o governo da partidarização do Estado, do populismo, do oportunismo e do provincianismo (não agüento os comentários de Lula sobre macheza como forma de combate à crise financeira internacional). Vergonha mundial!!!

Em São Paulo a moda agora são condomínios de luxo onde pode-se trabalhar, morar e se divertir sem ter que se misturar com ou passar pelas regiões mais pobres e problemáticas da caótica megalópole. Uma espécie de muro também mas que não protege ninguém de personagens como a dona da Daslu, agora na cadeia e simbólo terceiro mundista da decadência da burguesia paulistana... Outro dos feudos amuralhados da capital paulista chama-se Alphaville, um lugar de tremendo mau gosto com casas breguíssimas (de tão luxuosas, o luxo consegue virar lixo!), algumas com até 20 empregados (coisa inimaginável em qualquer país com um salário mínimo decente e maior igualdade de renda).

Os exemplos podem continuar em Brasília (e suas grades nas casas das quadras habitacionais), Salvador, Recife, Curitiba ou Belo Horizonte. O país inteiro é uma colcha de retalhos cheio de muros invisíveis onde abundam a hipocrisia, os discursos vazios, a omissão do poder público, a corrupção descarada e institucionalizada, os falsos argumentos, a ausência de idéias, o descompasso esquizofrênico entre teoria e prática.

Esses dias estive pensando: Por que não construir novos polos de desenvolvimento entre grandes cidades como Rio e São Paulo, Brasília e Goiânia, Recife e Salvador que gerem emprego e permitam às pessoas se deslocarem para esses pontos equidistantes entre grandes cidades ligados por linha de trem de alta velocidade onde poderia haver novos aeroportos, por exemplo, ou distritos industriais, portuários (porto seco no Centro-Oeste), permitindo desafogar um pouco as grandes cidades? É só uma idéia, mas melhor do que construir muros.

Minha sensação é a de que no Brasil faltam idéias boas, atitude empreendedora, criatividade construtiva. Essa é a pior crise de todas e ninguém fala dela. Lamentável!

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