Luz para Brasília e para o Mundo

Luz para Brasília e para o Mundo
Um brasileiro plantando luzes no gramado do Congresso Nacional

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sábado, 19 de dezembro de 2009

Voltei mas não sei até quando


Sem esnobismos, acho que posso afirmar que depois de ter 2 passaportes e de ter morado 15 anos fora do Brasil (sempre voltando aqui) tanto faz estar no Brasil ou no exterior, o importante é estar no mundo e até fora dele. Desde que saí do Brasil pela primeira vez em 1989, o mundo tornou-se muito pequeno (a Internet e os preços mais baixos dos vôos internacionais que o digam).

Hoje em dia falo com o meu companheiro na Holanda todos os dias pelo Skype com custo zero por segundo. Leio as notícias da Holanda e da Espanha, vejo a televisão desses países, converso com amigos de lá e de cá pelo chat, tanto faz estar na Europa ou no Brasil.

Sei que estou no Brasil por causa do quase verão muito chuvoso, das notícias de corrupção (a única diferença agora é que usam mais vídeos para denunciar, entramos na era Big Brother de vez), da TV Globo e suas novelas e séries totalmente sem graça (mesmo assim todo mundo assiste!), da obsessão pela boa forma dos brasileiros (Na Europa raramente se comenta sobre o corpo dos outros), e um longo etc.

Uma das coisas mais interessantes que me aconteceu desde que voltei pra cá em setembro desse ano é que conheci pessoalmente em Brasília, onde moro, o Fernando e o Laci. Eles são o primeiro casal gay assumido do exército brasileiro e comeram o pão que o diabo amassou por isso. Segundo eles próprios me contaram, tudo começou quando um deles denunciou alguns superiores fardados por corrupção no hospital militar onde trabalhavam. Os poderosos chefões usaram o fato de que eles eram gays para desacreditá-los e ridicularizá-los. Mas o feitiço acabou virando contra os feiticeiros. Fernando e Laci receberam muito apoio de organizações de direitos humanos, de alguns parlamentares, da mídia e conseguiram sobreviver aos ataques, torturas e difamações de que foram alvo algumas delas apoiadas por uma jornalista vagabunda chamada Luciana Gimenez em seu programa na Rede TV (uma emissora de Terror!). Fernando acabou desertando do exército e Laci também foi preso por deserção (quando na realidade não podia trabalhar por motivo de doença) e o caso dele está atualmente na Comissão Inter-Americana de Justiça em Washington para julgamento. O Estado brasileiro pode ser condenado por tê-lo acusado injustamente de deserção. Tomara que assim seja!

Mas eu queria falar também de alguma coisa boa que observo no Brasil. Acho que as pessoas ainda têm tempo para as outras, a comida é maravilhosa (ainda que nem sempre saudável) e a sexualidade ainda parece fluir mais livremente (para algumas pessoas, claro), acredito que melhor do que em outros países.

Estranhamente não tenho tido muita vontade de viajar. Queria reafirmar também que acho Brasília a melhor cidade para se viver no Brasil e por isso voltei para cá (e o meu companheiro está chegando). A capital brasileira não tem bairrismos, ainda tem um ritmo muito tranquilo e quase provinciano de vida sem deixar de ser cosmopolita (a oferta cultural e gastronômica é bastante farta). Mas para mim o mais importante é a aura mística da cidade que permanece intacta com suas áreas verdes, seu céu exuberante, seus monumentos-símbolo e sua gente variada. Gosto muito daqui!

Feliz Natal e Próspero Ano Novo para todos,

Francisco Tomé. 


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