Luz para Brasília e para o Mundo

Luz para Brasília e para o Mundo
Um brasileiro plantando luzes no gramado do Congresso Nacional

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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O Medo de Amar é o Medo de Ser Livre

Acordei hoje com o título dessa música na cabeça. Corri pra Internet e ouvi a versão eletrizante cantada por Elis Regina. E daí passei a ouvir o resto do disco que se chama simplesmente "Elis". E bateu aquela saudade do Brasil do passado! Sinceramente, não tenho saudades do Brasil do presente!

Saudades das músicas, do clima de esperança num futuro melhor que aspirávamos com o fim da ditadura, de como tínhamos mais tempo para os prazeres da vida, de como nossas cidades eram menores e mais tranqüilas, de como tínhamos mais sonhos, inocência, paixão, tesão (agora está tocando Trem Azul, a letra diz: o sol pega o trem azul, você na cabeça, lindo!). Talvez a morte de Elis em 1980 tenha sido o prenúncio do final de toda essa era de esperança. A Maria Rita que me perdoe mas ela não chega nem ao rastro da mãe e nem pode, coitada, os tempos são outros!

Agora chegou a vez de Vento de Maio. Arrepio total com os primeiros acordes. "Nisso eu escuto no rádio do carro a nossa canção: Vento solar e estrela do mar". Um hino a tudo de bom que existe sobre o planeta terra essa música!

Até as novelas eram melhores. Quem lembra de Marrom Glacê? Ou de Plumas e Paetês? E A Sucessora? Cabocla, a primeira versão? Naquela época traziam relax, inspiração, emoção, humor de verdade. Eram entretenimento e diversão reais.

Agora: Se eu quiser falar com Deus, tenho que ficar a sós, tenho que folgar os nós dos sapatos... ter a alma e o corpo nus... tenho que comer o pão que o diabo amassou... dá pra acreditar? Isso já foi tocado nas rádios do país de norte a sul.

O potencial criativo e mesmo revolucionário das letras da MPB sob o julgo da ditadura militar infelizmente não se plasmou em algo que transformasse a alma do Brasil uma vez chegada a democracia. Pelo contrário, nossa alma ficou mais pobre, desvaneceu. O materialismo e o consumismo venceram (as bolsas famílias que o digam!). Noto também um regionalismo, localismo e provincianismo crescentes (os três ismos na verdade são a mesma coisa!) em detrimento da visão de país e de mundo que já tivemos no passado (o modelo São Paulo, por exemplo, nos tempos que correm me dá náuseas vomitivas).

Será que seria então melhor a volta da ditadura militar? Não, Deus me livre. O melhor seria o fim da ditadura da hipocrisia do PT, do governo Lula, de grande parte de todo o sistema político e social estabelecido e podre do Brasil.

Para terminar e como diz a música título deste artigo: O medo de amar é não arriscar esperando que façam por nós o que é nosso dever: recusar o poder.

Eu o recuso neste momento!

Francisco de Castro, Amsterdã, 2 de dezembro de 2006.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Será que acabou mesmo a festa?

Hoje é 14 de novembro de 2008. Se meu pai ainda fosse vivo faria hoje 64 anos. Mas ele partiu daqui em abril deste ano e não chegou a ouvir falar da crise financeira mundial atual e nem da reunião do G-20 que começa em Washington esse final de semana.

Crise do crédito e de confiança no sistema financeiro, crise das hipotecas subprime nos Estados Unidos, fuga de dólares, recessão, desemprego... Milhões e milhões de dinheiro público gastos em planos de salvamento de bancos e instituições de crédito privadas, o mesmo dinheiro que poderia ser utilizado para programas sociais, educação, melhoria do meio ambiente, saúde, enfim em prol da humanidade.

O mundo gira, mais do que nunca, em torno do dinheiro e não das necessidades humanas. Isso fica patente nesse episódio da crise financeira global. Mas são muito poucas as vozes que se levantam para denunciar esta barbárie! Uma delas é a do indiano Mohammed Yunus, o banqueiro dos pobres, que em recente entrevista concedida à BBC de Londres atacava com razão o sistema de créditos dominante, que só apoia quem já tem dinheiro. Yunus criou um sistema de concessão de micro-créditos para pessoas de baixa renda que é um sucesso total! Revelou ainda que a maioria dos seus clientes são mulheres (o sistema oficial para ele é para lá de machista!!) e essas senhoras apresentam um grau de inadimplência próximo a zero, ou seja, a grande maioria devolve perfeitamente o dinheiro que lhes é emprestado!

Duvido muito que Yunus faça parte da comitiva indiana que comparecerá a Washington para a reunião de cúpula que pretende começar a redesenhar o sistema financeiro mundial, principalmente no sentido de regulá-lo. O presidente Lula é outro, que tinha tudo para representar o interesse dos mais pobres nesta cúpula (aliás esse deveria ser o seu dever histórico), porém como não faz bem o seu dever de casa (as bolsas esmolas do seu governo que o digam!) não podemos esperar nada diferente na sua intervenção em nível internacional em Washington. O Brasil com isso perde a chance de se projetar como país porta-voz dos interesses do dito terceiro mundo em nome da parte do primeiro mundo que somos (classe alta e média alta brasileira, egoísta e eternamente ameaçada pela violência galopante no gigante tropical), o que é um despropósito e de uma grande miopia diplomática.

Lula não questionará as bases do capitalismo! Lula não falará em nome dos pobres e necessitados do Brasil e do mundo. Lula não brigará por uma ordem internacional mais justa e igualitária. Até porque ele não tem autoridade para isso (em vista do populismo ParTidário de seus seis anos de governo). Uma vergonha! Mas a mesma crise servirá até 2010 para desmascarar a bonança econômica ainda restrita a poucos (fora as bolsas esmolas!) do Brasil e deverá passar fatura nas próximas eleições presidenciais. Quero que fique claro também que não sou do PSDB e nem defendo um presidente tucano em 2010. Só queria que o Brasil mudasse de verdade, combatesse a corrupção, fundasse um Estado sólido e moderno, virasse uma potência de verdade e que incluísse tod@s! Que tivéssemos pelo menos educação e saúde de excelente qualidade para todo mundo! Oxalá!

Francisco de Castro

domingo, 5 de outubro de 2008

As eleições municipais de hoje, 5 de outubro de 2008

Gostaria de entrar como num passe na mágica na mente de todos os candidatos e candidatas a prefeito e vereador Brasil a fora e ver exatamente o que os motiva para ganhar no pleito de hoje. Quantos realmente tem noção da responsabilidade que representa assumir um cargo desses? Quantos têm a honestidade e o valor de fazer propostas consistentes e viáveis? Quantos tem a preparação necessária para exercer essa função na sociedade? Quantos realmente enxergam essa missão como tarefa pública? Quantos tem a visão de conjunto do Brasil e do mundo e percebem os grandes desafios do presente como o meio ambiente, a energia, a água, a economia, os objetivos do milênio das Nações Unidas?

Infelizmente, não precisa de bola de cristal para saber que a resposta a essas perguntas deixaria muito a desejar e que a maioria dos candidatos, mesmo nas grandes cidades, está longe deste ideal. Recentemente, vi uma entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dizendo ao Jô Soares que um dos erros do seu governo foi não promover a reforma política. Essa reforma perambula pelo Congresso há anos e ninguém se atreve a levá-la a cabo como Deus manda, pois alguns aspectos como o financiamento público de campanhas (ideal) ou a proibição do troca-troca partidário (um verdadeiro câncer da política nacional) acabaria com parte da farsa que é a política em nosso país e isso eles não querem!

Mas as eleições de hoje têm agravantes. Pela primeira vez, pelo menos 112 municípios do país terão as eleições vigiadas pelo exército (o que a meu ver não é garantia de nada!) para evitar coerção de eleitores e outros tipos de fraude mais... Isso representa um ataque e um retrocesso para a democracia no Brasil. Por outro lado, a existência de 1 entre 5 candidatos com ficha policial também revela a degradação de um sistema eleitoral decadente onde deveria ser impossível eleger bandidos. No Brasil, o nível de bandidagem institucionalizada na política já é altíssimo e totalmente inaceitável (vide Joaquim Roriz, Paulo Maluf, realeza Sarney no Maranhão ou realeza Magalhães na Bahia, e por aí vai).

Outro absurdo do sistema eleitoral brasileiro é o voto obrigatório, o que faz com que maus eleitores sejam tentados a vender ou barganhar o seu voto, prática mais do que conhecida e aproveitada por maus políticos. Mas aqui é onde a serpente morde o próprio rabo. Segundo publica hoje a Folha de São Paulo, em todo o país mais de 128 milhões de brasileiros vão escolher os novos 5.563 prefeitos e mais de 52 mil vereadores dos municípios. Desses eleitores, somente 4,6 milhões tem o ensino superior completo e 3,3 milhões entraram na universidade, mas ainda não concluíram o curso. Em matéria de perfil educacional, o maior contingente é o de eleitores com o primeiro grau incompleto: 44,5 milhões de brasileiros (34,08% do total de votantes). Acrescentando-se a isso a baixíssima qualidade desse ensino de primeiro grau, imaginemos o resultado final. Mas o círculo vicioso é: políticos não investem em educação gerando eleitores ignorantes que continuam votando neles e em seus sucessores... Tragédia anunciada que compromete ainda mais o futuro de um país já assolado pela violência, caos urbano, desigualdade social, mão de obra pouco especializada, etc.

Está na moda falar do Brasil como país emergente, potência do século XXI, economia forte e em crescimento. Sempre me lembra o gigante adormecido da minha infância e da ditadura militar. Para mim o gigante está mais moribundo do que nunca pois acredita-se que ele poderá levantar e sobreviver somente com algumas partes vitais do corpo que estão sendo turbinadas (economia) ou recauchutadas. Trata-se de operação plástica cuja eficiência (política) ainda está por comprovar.

Adoraria que grande parte dos brasileiros fossem mais críticos e tivessem absoluta consciência e inteligência hoje na hora de votar. Será que é querer demais? Talvez, mas mesmo assim sonhar é sempre possível, aliás sonhar é preciso nesse caso.

Francisco de Castro.

sábado, 6 de setembro de 2008

Uma teoria sobre índios e carma coletivo no Brasil

Acompanhei estupefato o julgamento no Supremo da legalidade da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, no extremo nordeste de Roraima. Digo estupefato porque somente no Brasil uma demarcação já homologada e totalmente de direito (o presidente da FUNAI, Márcio Meira, acertadamente fala de direito originário dos índios) ainda pode ser questionada na justiça.

Mas infelizmente muita terra no Brasil é propriedade dos espertos em burlar as leis ou dos que se aproveitam da inexistência destas ou da impunidade resultante da infração às mesmas. Assim foi quando chegaram os portugueses em 1500. Os colonizadores não somente invadiram as terras indígenas, como as exploraram até dizer chega e mataram milhões de índios. Esse círculo histórico criminoso continua até hoje, só que comandado por certa elite brasileira que substituiu os colonizadores.

O Brasil só será um país historicamente justo quando legalizar não só a Raposa Serra do Sol mas sim todas as terras indígenas e pedir perdão ao genocídio praticado aos nossos ancestrais. Quando mudar o currículo da disciplina História do Brasil e contar que a nossa história começou bem antes de 1500 ressaltando toda a verdade sobre as culturas indígenas brasileiras.

Um país que não respeita e reconhece a sua ancestralidade é um país ingrato, desenraízado, efêmero. Esse é um traço comum a todo o continente americano e a minha teoria é de que essa é a razão pela qual não vivemos em paz (com exceção do Canadá). Todos os demais países americanos sofrem com a violência, com a pobreza resultante da terrível desigualdade social, com uma identidade moderna que se confunde com futilidade, com a deterioração moral, ética e mesmo religiosa. Não reconhecer de onde viemos e não respeitar os nossos ancestrais traz esse carma.

Numa das reportagens que vi esses dias sobre os índios de Roraima explicava-se que segundo a mitologia deles o Universo começou exatamente lá na Raposa Serra do Sol. Imaginemos a riqueza de espírito que isso representa. No Brasil moderno descobriu-se não faz muito tempo que o vestígio mais antigo da presença humana nas Américas encontra-se na Serra da Capivara, próximo de São João do Piauí. Dra. Niéde Guidon, antropóloga francesa, criou lá um Parque Nacional (com uma coleção belíssima de arte rupestre que pode ser vista inclusive à noite) mas atualmente tudo isso encontra-se ameaçado por causa da invasão de grileiros (para variar!), falta de apoio governamental, etc., ou seja, a ladainha de sempre. Imaginemos a pobreza de espírito que isso representa.

Para terminar quero recordar a letra da música profética de Caetano Veloso chamada Um Índio:

Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias

Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá

Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer assim, de um modo explícito
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio

Francisco de Castro

sábado, 23 de agosto de 2008

Wim Wenders e Brasília

O cineasta alemão Wim Wenders, um dos maiores cineastas contemporâneos, diretor dos belíssimos Asas do Desejo e Buena Vista Social Club ao ser sabatinado pelos jornalistas na Folha de São Paulo na última sexta-feira revelou que se tivesse que escolher uma cidade brasileira para fazer um filme escolheria Brasília. Disse que desde criança era fascinado por Oscar Niemeyer e pela idéia da construção de uma cidade completamente nova no meio da selva (assim ele foi informado sobre a criação de Brasília na Alemanha). Confessou ainda que tinha fotos dos monumentos de Niemeyer em seu quarto e que quando visitou Brasília esses dias somente confirmou sua fascinação por Niemeyer e pela cidade deste arquiteto. Wim Wenders não sabe que história contaria sobre Brasília, mas sugeriu que caso fosse mesmo fazer um filme passaria um tempo na cidade para ouvir da própria capital qual história ela gostaria de contar sobre si mesma.

Achei fantástica essa declaração dele porque numa das várias vezes que assisti Asas do Desejo imaginei os anjos do filme pousados no alto do edifício do Congresso Nacional filosofando sobre seus ocupantes. Agora entendo o porquê.

Evidentemente a Folha de São Paulo não publicou nada disso que o cineasta informou limitando-se a mencionar a parte da história em que ele equivocadamente situava Brasília no meio da selva, sendo que isso não é nada relevante no contexto em que ele falou. Procurei no Correio Braziliense alguma citação a respeito e nada de nada, pois esse jornal é daqueles que se torcer sai sangue.

Wenders mencionou ainda que para ele Brasília é um exemplo para o mundo e que contrariamente às paisagens hollywoodianas, tão repetitivas, a cidade construída no planalto central brasileiro representa uma folha de papel em branco para fazer um filme, possibilitando assim novos horizontes criativos. Que pena que muita gente no Brasil tenha um olhar exatamente ao contrário do dele.

O governo ou os empresários de Brasília deveriam procurar Wim Wenders e propor a ele que filmasse na cidade como parte da comemoração dos 50 anos em 2010. Seria uma boa mensagem de Brasília para o mundo! E estou certo de que ele toparia apesar da inveja de paulistas e cariocas.

O vídeo completo desta parte da sabatina da Folha a que me refiro está aqui:
http://cinema.uol.com.br/ultnot/multi/2008/08/22/04023172D4910326.jhtm?sabatina-da-folha-wim-wenders-e-o-brasil-04023172D4910326

Máfia dos ingressos e Madona no Brasil

É muito louvável a iniciativa da Folha de São Paulo de denunciar a máfia das vendas dos ingressos para grandes shows no Brasil. Ultimamente, muitas pessoas tiveram enormes dificuldades para comprar ingressos para os shows de João Gilberto, Roberto Carlos e Caetano, e agora para o show de Madona que chega ao Brasil em dezembro.

O PROCON já confirmou que existem irregularidades não só nos procedimentos de venda como também nos preços cobrados. O show de Madona no Brasil por exemplo custa três vezes mais do que na França(!). Isso devido a taxas extras absurdas cobradas em nosso país sem contar que não aceitam todos os cartões para a venda on-line (como acontece nos demais países), os sites de venda ficam sobrecarregados e fazem as pessoas perderem o seu tempo, enfim falta profissionalismo. Se eu fosse da produção de Madona, eu ameaçaria cancelar o show!

Por outro lado, mais uma vez, o show da cinquentona e candidata a eterna popstar só acontece no Rio e em São Paulo. Num país continental como o nosso, isso é outro absurdo que ninguém percebe ou ousa comentar na imprensa. Por quê não um terceiro show em outra região do país, ou mesmo, o segundo show em outro lugar, já que Rio e São Paulo estão relativamente perto?

Ficam aqui essas sugestões!

Rio 2016: Delírio do Presidente Lula na China

O presidente Lula afirmou em Pequim que um dos aspectos a favor do Rio de Janeiro como cidade candidata a sediar as Olimpíadas em 2016 (é a quarta vez que a mesma cidade brasileira deseja o impossível!) é que no Rio não há terrorismo (sic). Opino que o nosso presidente é cego, surdo ou sofre de amnésia instantânea, pode ser também que a diferença do fuso horário o tenha afetado mentalmente.

O Rio de Janeiro se transformou nos últimos anos numa das metrópoles mais violentas e caóticas do planeta, realidade mais do que conhecida e lamentada no mundo inteiro. Aliás, não se entende a não ser conhecendo bem o Brasil e o descalabro dos últimos governos do país como uma das cidades mais belas do mundo possa ter se transformado num campo de batalha entre traficantes, milícias, polícia em grande parte corrupta e governo em grande parte corrupto. Presidente Lula: o Comitê Olímpico Internacional e o mundo, através de seus embaixadores no Brasil, dos correspondentes de jornais e revistas estrangeiros, homens de negócio e visitantes de passagem pelo nosso país já sabem e muito bem que no Rio de Janeiro existe violência sim, terrorismo gerado pelo tráfico de drogas sim, um terrorismo cotidiano, cruel, fora de controle, manipulador, sem escrúpulos, inaceitável em qualquer país minimamente moderno e civilizado.

Em outra notícia leio que somente 3,5 % das verbas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento, resta saber crescimento de quem) destinadas ao Rio de Janeiro foram liberadas até o momento. Sem comentários.

O Presidente Lula ao escamotear a realidade para defender a candidatura do Rio à sede das Olimpíadas em 2016 na verdade desfavorece a cidade e infelizmente não li nenhum artigo na imprensa brasileira até o momento criticando essa terrorosa declaração. Ainda mais quando se sabe que as recentes operações do exército para combater o crime organizado na capital carioca foram um verdadeiro fiasco e que estão confirmadas as relações cada vez mais suspeitosas do governo estadual com o crime (como revela a escandalosa intimidade entre o comando da polícia dos Garotinhos e o tráfico).

Lula mencionou também em Pequim que o Rio sediou os Jogos Pan-Americanos e que naquela ocasião não houve violência. Presidente: A questão não é congelar a violência durante os jogos mas sim CONTROLÁ-LA antes, durante e depois dos jogos. Meu Deus, será que é tão difícil assim? Que benefício terão os cariocas em sediar os jogos se não forem tomadas medidas estruturais que resolvam um dos problemas que mais afligem a população? Será que compensa gastar tanto dinheiro público só para dizer depois que sediamos os jogos e nada mudou? O que ficou dos Jogos Pan-Americanos para a segurança dos cariocas? Melhorou alguma coisa? Respostas a essas perguntas são chaves para a candidatura do Rio não só às Olimpíadas mas a ser uma cidade que atraia investimentos e pessoas sensatas de qualquer parte do mundo.

O Brasil precisa se curar dessa alergia histórica a tudo o que seja mudança social radical (como caminhar para ser um país com uma grande e majoritária classe média*), discussão em profundidade de assuntos de interesse nacional, coerência entre discurso e ação, etc. Somos conhecidos como o país da música, da alegria e do futebol, mas também da violência, da desigualdade social e da corrupção. Neste contexto, querer por querer sediar as olimpíadas pode parecer não mais que um capricho ou uma maluquice para quem nos observa lá de fora da casa do Big Brother mundial.

* Li na Veja e na Folha de São Paulo que mais de 50% da população brasileira já é classe média! Achei o dado milagroso demais pra ser verdade sabendo que o Brasil é um dos países com maior desigualdade de distribuição de renda do mundo! Fui atrás e descobri que esse dado só é válido para seis áreas metropolitanas, ou seja, é um dado falso se consideramos o Brasil como o todo. Não sei quanto a grande imprensa recebeu para publicar esse dado, mas que é um acinte, isso é!

Belo vídeo do ator Cauã Reymond

Apesar de detestar o Programa do Faustão, senti-me atráido pela chamada desse vídeo no site da TV Globo e sem me enganar tive a bela surpresa de assistir a uma entrevista totalmente emocional (no sentido saudável da palavra) com o ator Cauã Reymond feita pelo chato do Faustão.

Infelizmente os papéis representados por Cauã na TV Globo não refletem nem de longe a sensibilidade dele e a inteligência emocional do seu entorno real, que se torna surpreendentemente visível e altamente louvável pelo que se vê nesse vídeo.

Achei muito positiva a relação dele com o irmão, com os amigos homens e com o pai já que transmite uma mensagem subliminar importante em cadeia nacional numa cultura como a nossa onde a violência entre os homens é o que domina. O depoimento das mulheres também é fantástico pois se baseia na espontaneidade, no carinho e na honestidade (a fala da avó é impagável).

Espero que gostem:
http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM870271-7822-SURPRESA+PARA+CAUA+REYMOND,00.html

Nova Lei sobre adoção de crianças

A imprensa brasileira divulgou essa semana resultado da votação na Câmara dos Deputados sobre a nova lei de adoção no Brasil. Alguns meios enfatizaram o fato de que casais homossexuais ficaram impossibilitados de adotar crianças conforme a nova lei além do fato de que estrangeiros também terão mais dificuldade em adotar crianças brasileiras, já que segundo alguns deputados é preferível que as nossas crianças permaneçam no Brasil.

Tendo-se em conta o estado de calamidade social, educacional, sanitário, familiar e econômico em que ainda vivem milhares de crianças brasileiras, incluindo os milhares de meninos e meninas de rua, considero o texto que excluiu certos grupos sociais da nova lei sobre adoção um atentado ao bom senso e à ética.

Muitos casais homossexuais no Brasil e fora e estrangeiros em geral têm ótimas condições econômicas e estão cheios de amor para dar a essas crianças simplesmente rejeitadas pela sociedade brasileira, o que essa nova lei homofóbica e xenófoba escandalosamente não quer reconhecer.

Trata-de mais um passo atrás do Brasil provinciano, cartorial e mentalmente sub-desenvolvido representado pela Câmara dos Deputados e por grande parte da imprensa, incapaz de comentar criticamente esta barbaridade!!

Fica aqui um protesto em nome das crianças brasileiras abandonadas à sua sorte contra a hipocrisia de um sistema político e social patológico bendito por uma ética católica, evangélica ou cristã furada e extremamente decadente, moralista e retrógrada no tempo e no espaço.

Meus pêsames!