Acordei hoje com o título dessa música na cabeça. Corri pra Internet e ouvi a versão eletrizante cantada por Elis Regina. E daí passei a ouvir o resto do disco que se chama simplesmente "Elis". E bateu aquela saudade do Brasil do passado! Sinceramente, não tenho saudades do Brasil do presente!
Saudades das músicas, do clima de esperança num futuro melhor que aspirávamos com o fim da ditadura, de como tínhamos mais tempo para os prazeres da vida, de como nossas cidades eram menores e mais tranqüilas, de como tínhamos mais sonhos, inocência, paixão, tesão (agora está tocando Trem Azul, a letra diz: o sol pega o trem azul, você na cabeça, lindo!). Talvez a morte de Elis em 1980 tenha sido o prenúncio do final de toda essa era de esperança. A Maria Rita que me perdoe mas ela não chega nem ao rastro da mãe e nem pode, coitada, os tempos são outros!
Agora chegou a vez de Vento de Maio. Arrepio total com os primeiros acordes. "Nisso eu escuto no rádio do carro a nossa canção: Vento solar e estrela do mar". Um hino a tudo de bom que existe sobre o planeta terra essa música!
Até as novelas eram melhores. Quem lembra de Marrom Glacê? Ou de Plumas e Paetês? E A Sucessora? Cabocla, a primeira versão? Naquela época traziam relax, inspiração, emoção, humor de verdade. Eram entretenimento e diversão reais.
Agora: Se eu quiser falar com Deus, tenho que ficar a sós, tenho que folgar os nós dos sapatos... ter a alma e o corpo nus... tenho que comer o pão que o diabo amassou... dá pra acreditar? Isso já foi tocado nas rádios do país de norte a sul.
O potencial criativo e mesmo revolucionário das letras da MPB sob o julgo da ditadura militar infelizmente não se plasmou em algo que transformasse a alma do Brasil uma vez chegada a democracia. Pelo contrário, nossa alma ficou mais pobre, desvaneceu. O materialismo e o consumismo venceram (as bolsas famílias que o digam!). Noto também um regionalismo, localismo e provincianismo crescentes (os três ismos na verdade são a mesma coisa!) em detrimento da visão de país e de mundo que já tivemos no passado (o modelo São Paulo, por exemplo, nos tempos que correm me dá náuseas vomitivas).
Será que seria então melhor a volta da ditadura militar? Não, Deus me livre. O melhor seria o fim da ditadura da hipocrisia do PT, do governo Lula, de grande parte de todo o sistema político e social estabelecido e podre do Brasil.
Para terminar e como diz a música título deste artigo: O medo de amar é não arriscar esperando que façam por nós o que é nosso dever: recusar o poder.
Eu o recuso neste momento!
Francisco de Castro, Amsterdã, 2 de dezembro de 2006.
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
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